Detalhes muito especiais

Os colares de jarina são um clássico da biojoalheria brasileira e não poderiam faltar em nosso catálogo. Jarinas inteiras ou lapidadas, em sua cor natural, com resquícios da casca, rajadinhas ou inteiramente claras, coloridas, em fatias, essas sementes são a alma de nossas criações. O fio de tucum tem também, cada vez mais, destaque na produção de biojoias,  aliando resistência, beleza e leveza. Nos colares de jarinas com fios de tucum Cy Ateliê, essa linha tão nobre ganhou um detalhe muito especial: o crochê, aprendido com as avós. Nessa aplicação em fio de tucum, fica mais que provada a máxima que a Nena, uma avó crocheteira das boas, não cansava de repetir: o crochê pode ser feito em qualquer fio!


No colar Cy, as correntinhas de crochê em fio simples onde se encaixam as fatias de jarina seguem depois em crochê com três fios de tucum para a inserção do fecho. A linha de tucum é rústica e o trabalho continuado às vezes machuca os dedos, mas o resultado é esplêndido! Sem contar do prazer de poder aliar dois elementos vindos de culturas distintas e importantes na formação do Brasil - a cultura indígena, presente na arte de tecer o fio de tucum, e a cultura europeia, que não foi propriamente a inventora do crochê, mas foi responsável por sua renovação e divulgação a partir dos anos 1700 em todo o mundo e também por aqui.    


A linha de tucum é genuinamente brasileira, produzida desde tempos imemoriais pelos povos originários. A fibra é extraída do pendão da folha do tucunzeiro (Astrocarium chambira), uma palmeira de aproximadamente 10 metros de altura, cheia de espinhos, que forma touceiras densas, que ocorre em toda a região amazônica e também na mata Atlântica, do sul da Bahia até o rio Grande do Sul. Nas bacias pantaneiras, por exemplo, sua fibra é muito usada para a pesca do pacu.

Lavada, cozida, penteada, exposta à luz do Sol e ao sereno, depois penteada de novo, em um processo que pode levar mais ou menos uma semana, antes de ser trabalhada na fiação. Até meados dos anos 1950, a linha de tucum era o único recurso que se tinha na floresta para a confecção de redes de dormir, linhas de pesca, cordas e outros utensílios. Os homens colaboram com a coleta e beneficiamento da matéria-prima, e as mulheres tramam a fibra, produzindo os fios e uma enorme variedade de peças utilitárias e de adorno.

A linha de tucum é tão incrível - além de suas características de beleza e resistência, é biodegradável - que já há pesquisa na  universidade brasileira para seu uso como possível alternativa sustentável às matérias-primas têxteis convencionais. Apaixonante!